Sem grandes pompas, artifícios ou manobras de tratamento estético, o Johnny Guitar editou agora o primeiro volume de uma série de discos que pretendem rever (anualmente, supõe-se) a actividade daquele clube lisboeta no que diz respeito a espectáculos ao vivo.
Sendo certo que a sala do Johnny é a única representante na capital de uma espécie que noutras paragens do planeta existe com fartura (os clubes de rock e outras variantes da música contemporânea), os responsáveis por aquele clube (todos eles descendentes directos do rock) levaram a cabo a tarefa de, durante o ano de 94, fazerem a recolha em cassete ou DAT de prestações de bandas que quase diariamente animam a casa. Assim, para esta primeira investida, a Johnny Records agrupou os Pop Dell’Arte, os Turbo Junk i.e., os Tédio Boys, o Palmás Gang, os Cães de Crómio, os Da Weasel, os Café Bagdad, os Bizarra Locomotiva, os Lulu Blind e os Ramp. Num registo que em certos casos deixa muito a dever à eficácia de captação de som, as intenções que ficam a descoberto são motivadas pelo gozo em estado bruto. De facto, «Ao Vivo em 1994» não representa, nem de perto nem de longe, uma investida nos meandros da divulgação de projectos e propostas, antes se apresenta como um documento de colecção para manter o culto daquela que é, actualmente, o mais importante espaço alfacinha para espectáculos ao vivo.
E essa divindade imanente pressente-se a cada tema, sela quando os Da Weasel cantam “God Bless Johnny Guitar” ou quando os Ramp fazem parceria interpretativa com uma audiência que, adivinha-se, encheu o espaço exíguo do Johnny. No fundo, está aqui a continuidade dos registos sacados em tempos dos espectáculos do extinto Rock Rendez Vous.