A fúria da ‘doninha’ – Data: 2007

Corno é que correu? Notou-se muito os ‘pregos’?”, pergunta Pacman afoito nos bastidores do Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Passa da uma da manhã, o con­certo acabou há 20 minutos e ele, de caneta em riste. ainda não parou de distribuir autógrafos, beijinhos e apertos de mão a quem quis dar os parabéns aos Da Weasel no final daquela que, segundo Virgul, “foi uma das noites mais importantes da his­tória da banda”.

A maratona musical foi dura, mas para Pacman a noite ainda está longe do fim. “Deves estar arrasado”, diz uma amiga. “Isto não é nada, o cansaço a sério foi lá em cima, agora é mais descompressão”, sublinha.

O esforço a que Pacman faz refe­rência é evidente. A banda de Alma­da esteve em palco 02h40, uma odisseja sonora para 14 mil pessoas divi­didas em três actos. A abrir, ‘Adivi­nha quem Voltou’, rampa de lança­mento para uma primeira parte com canções como ‘Pedaço de Arte’, ‘Pai­xão’, ‘jay’, ‘Casa’ – que con­tou com a excelente presen­ça de Manel Cruz – ou o his­tórico ‘God Bless Johnny’.

A segunda metade do concerto foi quase toda pre­enchida pela orquestra lide­rada por Rui Massena, contado ainda com a colaboração do pia­nista Bernardo Sassetti, ronda intimista em que foram ouvi­dos temas como ‘Negócios Estrangeiros’, ‘A Adição’. ‘A Palavra’ e o in­contornável ‘Mundos Mudos’.

A fechar, os Da Weasel presentea­ram a audiência, já em êxtase, com clássicos instantâneos, casos de ‘To­dagente’, ‘Toque Toque’, ‘GTA’, ‘Re-Tratamento’ e ‘Dialectos de Ternura’, para acabarem em alta ao som de ‘Tás na Boa’.

Pelo meio, claro, os Gato Fedorento vestiram-se de ‘niggaz’, apresentaram o seu ‘skit’ e até chegaram a ver em Pacman o cantor Angélico. Mas não. Apesar da brincadeira o que se ouviu, ali não foi D’ZRT. Longe disso!

 

“Ena pá, já cá faltava um ‘prego’!”

Na segunda parte do espectá­culo, a orquestra comandada por Rui Massena dominou todas as atenções. A orquestra e, claro, Bernardo Sassetti, que Pacman quase se ia esquecendo de apre­sentar. O vocalista dos Da Wea­sel emendou o erro com uma brincadeira, ao virar-se para a pla­teia e disparar: “Ena pá, já cá fal­tava um ‘prego’!” E seguiu-se um momento de pura magia, com o piano a encher a sala. E, assim, a parte do concerto que, à partida, poderia ser mais complicada de gerir em termos de emotividade, acabou por passar com distinção no teste. E toda a gente aplaudiu tamanho empenho.

 

Por Pedro Gargia Neves – Textos / Pedro Catarino – Fotos

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